publicam-se

"O querer publicar contraria, por vezes, a responsabilidade da publicação, ou seja, há editoras (felizmente poucas) que se apressam a colocar nos escaparates das livrarias, obras que impunham uma reflexão sobre o conteúdo, o objectivo das mesmas e o público a que se destinam. E, há edições de autor, que recusadas pelas editoras, são papel de embrulho vendido ao centímetro. Neste caso, os autores “aventuram-se” e correm, muitos deles, o risco, de se prejudicarem, fortemente, devido à mediocridade da obra. Contudo, contrariando a “ousadia” de alguns, há livros de muita qualidade, que as editoras e os autores responsáveis projectam para um público que as sabe escolher, obras que contribuem para a formação global da pessoa.
Este preâmbulo filia-se no número de livros que, nos últimos meses, têm sido editados e que chegaram às nossas mãos. Quatro ou cinco são designados infantis.
É que actualmente, “nasceram” autores que publicam obra infantil que, pensamos, nem eles sabem o seu conteúdo e a finalidade do assunto. Publicam-se!!! E, infelizmente, há pessoas credenciadas que, se aprestam, ainda, a fazer comentários, envolvendo-se no suporte medíocre e/ou mau de uma, duas dúzias de páginas escritas, sem rigor, onde se salva a ilustração e a intenção.
Fazemos esta crítica, porque é tempo de algumas editoras reflectirem. Chegou a hora dos autores que editam por conta própria olharem para si e para o que querem oferecer às crianças. Há páginas escritas, por vezes, confusas, em parte, plagiadas, com redacção a arrepiar e dirigidas a mentes em formação (as crianças) que, até os adultos têm dificuldade em entender. Atenção, que a capa e a ilustração a cores são, apenas, o invólucro."

“Livros de qualidade e obras medíocres” em “A cultura no espaço e no tempo” — Diário de Coimbra, 17 de Abril de 2005.