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sábado, novembro 04, 2006

o monstro deslizante de ferro

"Já lá vai o tempo em que o pregão 'A...rre...fadas de Coim... bra', se ouvia na gare apenas o monstro deslizante de ferro dava a suave curva final na Estação Nova, ou se avistava na linha, vindo do Norte e do Sul, na Estação Velha. (...)
Ainda a massa de ferro movediça rodava de mansinho à espera da gare para parar, e, já a pregoeira e vendedora, trocava o pão doce e fofo, por moedas cintilantes e legais nos debruçados nas janelas das carruagens, ou então arrojava-se a subir e a percorrer a divisão no frenesim de quem conta os segundos como os últimos momentos da vida. O homem do apito, quantas vezes contemplativo e complacente em situações que dependiam do gesto de soprar o instrumento de partida, tardava no cumprimento escrupuloso do dever e, as vendedeiras podiam assim adoçar a boca a mais dois ou três clientes ou remeter o emblema gastronómico da cidade para outras paragens e outras gentes."

Diário de Coimbra, "Arrufadas de Coimbra devem voltar à mesa", 17/09/2006.